A Polícia Federal (PF) não encontrou por enquanto nenhum indício da participação das vinícolas no crime de trabalho análogo à escravidão na Serra. O trabalho investigativo da Polícia Federal também apura as denúncias de maus tratos na pousada onde ficavam os trabalhadores baianos em Bento Gonçalves, bem como se a duração da jornada de trabalho era exaustiva.

“A gente fez todo um levantamento do material já recolhido. O que a gente viu foi um contrato de fornecimento de mão de obra por uma empresa terceirizada. Até o presente momento, a gente pesquisou bastante sobre isso, nas provas que a gente tinha aqui,  não foi encontrado nenhum indício de participação das vinícolas no crime de redução à condição análoga de escravidão”,  adiantou na manhã desta sexta-feira (17) o delegado federal Adriano Medeiros do Amaral, responsável pela investigação do caso do resgate de 207 trabalhadores baianos em 22 de fevereiro passado, em Bento Gonçalves.

A investigação prossegue em relação a essa empresa e também os representantes das vinícolas serão ouvidos.

“A gente está em uma fase de coleta de provas em razão do acontecido. O inquérito tem um prazo inicial de 30 dias para a conclusão, mas como é uma investigação bastante complexa a gente vai pedir a prorrogação A partir de agora, a gente vai fazer análise das provas colhidas e vai ser oportunizado aos investigados falar nos autos para apurar todas as circunstâncias.”, disse.

Operação em Bento e Garibaldi 

Ainda pela manhã, a Polícia Federal realizou a operação Descaro com o objetivo de combater o trabalho escravo na região da Serra. Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelos agentes, sendo seis deles em Bento Gonçalves e um em Garibaldi. Documentos, mídias, computadores e telefones celulares foram recolhidos.

Houve ainda a apreensão de dez armas, farta munição e 11 carregadores por parte do Exército Brasileiro. Localizado em Bento Gonçalves, o armamento está registrado no Sistema do Exército (Sigma) e regularizado na modalidade Caçador/Atirador/Colecionador (CACs), mas encontrava-se depositado de modo irregular. Algumas delas também estavam modificadas.

Uma das ordens judiciais foi acompanhada pela Corregedoria Geral da Brigada Militar, por envolver um policial militar. Entre os alvos estavam também um empresário baiano e o proprietário de uma pousada.

Seis suspeitos de envolvimento no esquema foram identificados. Há suspeita de que integrem uma organização criminosa voltada à prática do crime de submissão ao trabalho escravo. O trabalho investigativo apontou que os trabalhadores eram recrutados principalmente na Bahia por uma empresa prestadora de serviços de apoio administrativo.

Os relatos indicam que as vítimas resgatadas estavam sem receber salários, contraiam dívidas com juros abusivos e tinham a sua liberdade de locomoção restringida, além de sofrerem agressões físicas.

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