“Em situações de alta afluência, a vazão de água que passa pela barragem é a mesma que passaria se ela não existisse”, diz o material apresentado pela empresa que comanda três barragens no Rio das Antas

Na quarta-feira, 13/09, a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) divulgou, em suas redes sociais, uma espécie de “manual” sobre o funcionamento das três barragens (UHE 14 de Julho, UHE Castro Alves e UHE Monte Claro). De acordo com a empresa, as barragens não são capazes de ‘amortecer’ uma cheia do rio.

“Pois pela pequena dimensão e característica ‘a fio d´água’, todo fluxo que chega na barragem em situações de alta vazão precisa passar pela mesma. Toda água que não vai para as turbinas passa sobre crista a barragem. Em situações de alta afluência, a vazão de água que passa pela barragem é a mesma que passaria se ela não existisse”, diz o material.

A Companhia também explica que o modelo das três unidades são parecidos. “O projeto das três usinas é muito similar entre si e possuem reservatórios sem capacidade de acumular água, caracterizados como ‘a fio d’água’. Isso acontece porque nossas usinas operam apenas com fluxo natural do rio.”

Sobre a abertura de comportas de vertedouro, a Ceran explica que elas atuam como um “pequeno extravasor” e que são abertas apenas quando a água já está passando pela crista da barragem, para não sobrecarregar as estruturas.

“Além de não alterar em nada o fluxo de água, pois o mesmo passaria sobre a crista da barragem, a não abertura dessas comportas colocaria em risco as estruturas, e consequentemente a segurança da população”, pontua.

No dia 07/09, a prefeitura de Bento Gonçalves encaminhou ofício à empresa com 13 questionamentos, via Procuradoria-Geral do Município (PGM). São eles:

01) Havia monitoramento prévio do nível dos rios do Complexo Energético Rio das Antas (Usinas UHE Castro Alves, UHE Monte Claro, UHE 14 de Julho)?;

02) Qual foi o primeiro alerta emitido às populações ribeirinhas?;

03) Qual foi o horário que emitiram o alerta de evacuação destas populações?;

04) Qual era o nível do Rio das Antas nos dias 02, 03, 04 e 05 de setembro?;

05) Houve fechamento e/ou abertura de comportas?;

06) Quais medidas a CERAN adotou para evitar ou atenuar possível sobrecarga no volume de água nas bacias dos Rio das Antas e Rio Taquari?;

07) No momento em que ocorreu a abertura das comportas das barragens houve algum procedimento de evacuação das áreas sob risco?;

08) A CERAN emitiu algum comunicado aos órgãos oficiais dos municípios que integram o Complexo Energético Rio das Antas, bem como aos municípios do Vale do Taquari referente aos riscos de grave inundações?;

09) Há algum plano de contingência e de evacuação da CERAN em casos de desastres como o ocorrido e como se dá essa comunicação aos órgãos oficiais?;

10) Existe encaminhamento de planos de ação e emergência a serem enviados aos órgãos oficiais e prefeituras envolvidas, além de estratégias de comunicação e alerta às comunidades potencialmente afetadas?;

11) Quais as inspeções de segurança são realizadas nas três barragens do Complexo Energético Rio das Antas e quais as suas periodicidades?;

12) Existe algum plano de prestar assistência às vítimas do desastre ocorrido?;

13) Existem inspeções e relatórios de revisão periódica de segurança das barragens das três usinas do Complexo Energético Rio das Antas?

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